O cancro gástrico é muito frequente?
- Em 1975 era o cancro mais frequente a nível mundial.
- Atualmente é o quinto cancro mais frequente mundialmente. Contudo, é o segundo cancro
que mais pessoas mata em todo o mundo. - É mais frequente nos países asiáticos e na Europa do Leste mas Portugal tem das maiores
incidências deste cancro dentro dos países da União Europeia. - A sua incidência está a diminuir a nível mundial.
Porque é que a incidência do cancro gástrico está a baixar mundialmente?
- Parece dever-se principalmente à correção progressiva de dois fatores de risco primordiais para o aparecimento do cancro, que falaremos mais adiante:
- A substituição do sal para a refrigeração como método de conservação dos alimentos.
- A identificação e tratamento da bactéria Helicobacter pylori.
O cancro gástrico é habitualmente curado?
- Infelizmente não. Aquando do diagnóstico, cerca de 50% das pessoas tem doença com invasão de outros órgãos ou metastização (“raízes” para outros órgão) à distância, não sendo possível oferecer tratamentos curativos.
- Se melhorarmos a perceção das pessoas desta doença poderemos diagnosticar este cancro muito mais precocemente, podendo efetuar tratamentos curativos.
O cancro gástrico é assim tão difícil de diagnosticar?
- Sim e não:
- O diagnóstico é habitualmente efetuado através de uma endoscopia digestiva alta (que pode ser efetuada sob sedação), que é um exame de fácil acesso em Portugal.
- Infelizmente o cancro gástrico apenas dá sintomas muito tardiamente, o que leva com que as pessoas não procurem o seu médico.
Quais são então os sintomas mais frequentes do cancro gástrico?
- Os sintomas mais frequentes são a dor abdominal persistente e a perda de peso inexplicada.
- Há outros sintomas que também podem ocorrer como as náuseas persistentes, a disfagia (dificuldade em engolir), o enfartamento e perdas de sangue pelo tubo digestivo.
- O problema destes sintomas é que são muito inespecíficos e apenas se apresentam em estadios avançados da doença.
Quais são então os fatores de risco para o cancro gástrico
- São vários e habitualmente o cancro nasce duma conjugação desses fatores de risco. Seguem- se os mais frequentes:
- Dieta: o sal e os alimentos preservados em sal são fatores de risco há muito conhecidos. Já a ingestão regular de frutas, vegetais e fibras é protetora.
- Tabagismo
- Obesidade
- Alterações da mucosa (camada superficial do estômago) como a metaplasia, atrofia e displasia (alterações das células do estômago, diagnosticadas após uma endoscopia)
- Cirurgia gástrica prévia
- História familiar em primeiro grau de cancro gástrico
- Infeção pelo Helicobacter pylori (responsável por pelos menos 50% dos cancros gástricos)
O que é isso da infeção pelo Helicobacter pylori (bactéria do estômago)?
- O Helicobacter pylori é uma das bactérias “mais bem-sucedidas” do mundo, infetando cerca de 50-80% da população mundial
- A grande maioria das pessoas (70%) passa a vida toda sem ter qualquer tipo de problema associado a esta infeção.
- Contudo, esta bactéria é considerada um carcinogénio tipo 1, ou seja, é um factor de risco definitivo para o aparecimento de cancro gástrico
Então toda a gente deve pesquisar e efetuar tratamento para esta bactéria?
- À luz da ciência atual, não!
- Apenas nos países de alta incidência (países asiáticos) está comprovado o benefício do tratamento desta bactéria em pessoas sem sintomas ou sem história familiar de cancro gástrico.
- É impensável efetuar tratamento com antibióticos a 50-80% da população portuguesa.
- Contudo, não se deve testar para não tratar!
Quem são então as pessoas em que se deve procurar e depois tratar esta bactéria?
- As pessoas com:
- “Dispepsia” (desconforto na parte superior do abdómen)
- Antecedentes de cirurgia gástrica
- Consumo habitual de anti-inflamatórios
- História familiar de cancros gástricos
- Passado de úlcera gástrica ou duodenal
- Atrofia e metaplasia gástrica (alterações das células do revestimento do estômago)
- Doentes com anemia por falta de ferro sem motivo aparente e doentes com a doença “púrpura trombocitopénica idiopática”
- Vontade em ser tratadas para prevenção de cancro!
Qual é o caminho a seguir?
- O da mais rápida deteção e tratamento deste cancro através de:
- Correção dos fatores de risco
- Sensibilização das pessoas em risco
- Investigação adequada das pessoas com sintomas e/ou fatores de risco
- Pergunte ao seu médico de família ou contacte um Gastrenterologista se acha que tem fatores de risco ou sintomas associados ao cancro gástrico