Cancro colorectal| A importância do rastreio

Qual a importância do Cancro Colorectal?


O cancro colorectal (CCR) é atualmente a terceira causa de morte por cancro em todo o mundo, ocorrendo cerca de 1,4 milhões de novos casos no mundo por ano.


Basta ver que em 2012 em Portugal foram detetados 7129 casos, falecendo nesse mesmo ano 3979 pessoas por cancro colorectal.


Contudo, e apesar do elevado número de casos que ocorre por ano no nosso país, cerca de metade da população portuguesa ainda desconhece a necessidade e as vantagens de efetuar rastreio.


O rastreio é mesmo assim tão importante?


O rastreio neste tipo de cancro em particular é de especial importância uma vez que o cancro colorectal é não apenas um cancro rastreável, mas prevenível! A remoção atempada das lesões pré-malignas (pólipos) previne a sua progressão para cancro.


A sobrevivência global dos utentes com CCR aos 5 anos ser de 50%, mas se o diagnóstico for realizado num estadio precoce, então a sobrevivência ultrapassa os 90%!


Como deve ser efetuado o rastreio?


Na maioria da população o rastreio deve ser efetuado por toda a população aos 50 anos de idade, caso não haja sintomas sugestivos de problemas gastrointestinais ou fatores de risco associados ao cancro colorectal.


Um rastreio deve ser efetuado em pessoas sem sintomas, à semelhança do que acontece com o cancro da mama, do colo do útero e da próstata. O facto de não ter sintomas não significa que não precisa de fazer exames!


Quais os métodos de rastreio que devem ser utilizados?


Há vários métodos de rastreios, todos com as suas vantagens e desvantagens. De um modo geral, os mais utilizados são a pesquisa de sangue oculto nas fezes, a colonoscopia e a colonoscopia virtual. A colonoscopia é atualmente considerada o método mais completo no rastreio colorectal, pela possibilidade de extração de pólipos, realização de biopsias e outras técnicas disponíveis durante a realização do exame. Contudo, o melhor método é aquele que é feito e nos permite diminuir a taxa de mortalidade e melhorar a saúde do povo português.


O que nos falta fazer e o que tem sido feito?


É de suma importância que consigamos que mais pessoas efetuem o rastreio do cancro colorectal, conseguindo com isso detetar os cancros mais cedo e prevenindo o maior número de cancros possível.


Em 2014 a Direção Geral de Saúde emitiu uma norma de orientação clínica para a realização de rastreio oportunístico do cancro colorectal pela realização de pesquisa de sangue oculto nas fezes e subsequente colonoscopia sob sedação se necessário. Não há dúvida que o acesso aos programas de rastreio melhorou muito desde então, mas é necessário fazer mais e especialmente não se pode eliminar o que de bom foi feito até agora!


O ideal seria efetuar um rastreio de verdadeira base populacional de forma a podermos reduzir a mortalidade e mesmo a incidência destes cancros nos próximos 5-10 anos.


O que se verifica atualmente é que apesar destas melhorias no acesso, por vezes a população não compreende os benefícios da realização do rastreio.

É necessário perceber que ao efetuar o rastreio está potencialmente a prevenir uma doença fatal!


Há também a vertente economicista do rastreio que, naturalmente, aumentou os custos imediatos com a realização das colonoscopias sob sedação. Mas a saúde dos portugueses não se esgota em 4 anos ou numa legislatura.


A implementação de programas de rastreio de base populacional tem comprovadamente benefícios a médio / longo prazo em termos de diminuição da mortalidade e é igualmente compensatório em termos económicos pois reduz a necessidade de terapêuticas cirúrgicas / quimioterapia / radioterapia que para além de serem mais onerosas para o erário público, são altamente estigmatizantes para os doentes.

A Saúde não são números! A Saúde são pessoas que podemos e devemos ajudar da melhor maneira possível!


É necessário rastrear mais e melhor para podermos ter uma Saúde melhor e em que todos sairemos beneficiados. Nesta medida o rastreio do CCR é vantajoso em todas as vertentes: diminui a incidência, a mortalidade e reduz os custos associados aos tratamentos a médio prazo.

Pode também ver mais sobre este tema nas minhas participações televisivas sobre este tema aqui e aqui.

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