A Cápsula Endoscópica

A Enteroscopia por Cápsula (EAC) ou, para simplificar, a cápsula endoscópica, é um exame que permite a visualização do intestino delgado que é inacessível à visualização directa pela endoscopia digestiva alta e pela colonoscopia.

Em que consiste?

Consiste na ingestão duma cápsula sensivelmente do tamanho dum comprimido de paracetamol 1000 mg que contém uma bateria e uma câmara acoplada que vai tirando fotografias do intestino delgado que são captadas por um registador externo e depois passadas para formato de vídeo para posterior visualização.


Para que utiliza a Cápsula Endoscópica?

A EAC geralmente tem indicações muito precisas, não sendo utilizada indiscriminadamente uma vez que é um exame demorado, de interpretação por vezes difícil e de custo também superior a outros exames endoscópicos.


As indicações mais frequentes para a utilização da cápsula endoscópica são:

  • Hemorragia digestiva (nos casos em que a endoscopia digestiva alta e a colonoscopia não conseguiram detectar a fonte da hemorragia)
  • Diagnóstico, Classificação e Estadiamento de Doenças Inflamatórias Intestinais
  • Diagnóstisco e localização de tumores do intestino delgado
  • Diagnóstico, estadiamento e avaliação de resposta terapêutica na Doença Celíaca
  • Esclarecimento de imagens observadas em outros métodos de imagens como a TC e a Ressonância Magnética

Como é o procedimento para a realização da Cápsula Endoscópica?

O procedimento é, globalmente, bastante simples para o doente! Habitualmente o exame inicia-se em meio hospitalar com a correcta identificação do doente e do exame a ser efectuado.

Segue-se a aplicação de vários “adesivos” (semelhantes aos utilizados nos electrocardiogramas) na região abdominal do doente que permitem o envio das imagens para o gravador que habitualmente fica acoplado à cintura do doente através dum cinto próprio.

Após verificação que o sistema está operacional, o doente deglute a cápsula endoscópica como se de um comprimido se tratasse.

A passagem da cápsula endoscópica pelo tubo digestivo não é perceptível pelo doente e o mesmo pode, regra geral, ter um dia normal, podendo na maioria dos casos trabalhar sem imitações nesse dia.

No final do tempo de gravação (diferente para as diferentes marcas de cápsulas endoscópicas mas habitualmente 8-10 horas após a ingestão da mesma) o doente deve voltar ao Hospital para que lhe sejam removidos os adesivos e para que o gravador externo possa ser ligado a um computador para permitir a posterior análises por parte dum médico Gastrenterologista.

A cápsula é naturalmente eliminada pelo nosso corpo, não sendo habitualmente perceptível a sua eliminação uma vez que pode estar envolta nas fezes. Na grande maioria dos casos não é necessária a recuperação da cápsula.


É um exame doloroso/difícil de fazer?

É um exame bastante simples de ser realizado! O único desconforto que pode sentir é engolir a cápsula e o facto de ter o receptor e alguns eléctrodos acoplados ao seu abdómen.

O exame em si é indolor e é geralmente efectuado sem desconforto para o doente.


Só existem cápsulas para o intestino delgado?

Efectivamente também existe a chamada cápsula do cólon para a visualização do intestino grosso através deste método, não sendo necessária a realização duma colonoscopia.

Contudo, este método necessita igualmente de preparação intestinal como se de uma colonoscopia se tratasse e não permite a realização de biopsias/polipectomias.

Estas limitações e o preço elevado destas cápsulas torna a cápsula do cólon um exame pouco utilizado, apenas útil em situações muito específicas como na impossibilidade na realização da colonoscopia por motivos técnicos ou relacionados com o doente.


Quais são os riscos deste exame?

Os riscos da cápsula endoscópica são muito baixo. O maior risco é o da retenção da cápsula numa estenose (“aperto”) do intestino delgado e pode necessitar duma intervenção cirúrgica para a remoção da mesma.

Isto ocorre apenas em cerca de 1% dos casos sendo o risco ligeiramente superior nos doentes com Doença de Crohn ou com antecedentes de cirurgia do intestino delgado.

Muitas vezes com tratamento médico (no caso da Doença de Crohn) ou com outros métodos (como a enteroscopia assistida por balão) é possível remover a cápsula sem que seja necessária a realização duma cirurgia.


É um exame barato?

As cápsulas endoscópicas são exames caros em vários sentidos. O valor da cápsula é habitualmente elevado (dependendo das marcas mas no mínimo várias centenas de euros) e o tempo que é preciso para a correcta visualização da cápsula torna este exame caro tanto em termos matérias como de recursos humanos.

Contudo, é um exame muito utilizado e realizado em Portugal tanto a nível do Serviço Nacional de Saúde como a nível privado pela capacidade de visualização do intestino delgado, inacessível tanto à endoscopia digestiva alta como na colonoscopia total.

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